Você sabia,
Que a África é o berço do conhecimento? Parte 3
Os antigos egípcios aplicaram seus conhecimentos de matemática à extração, transporte e assentamento dos enormes blocos de pedra utilizados em seus projetos arquitetônicos. O Egito desenvolveu uma grande variedade de formas arquitetônicas, das quais a pirâmide, sem dúvida, é a mais característica. A Grande Pirâmide de Gisé é uma das sete maravilhas do mundo antigo. As primeiras pirâmides eram em degraus, e somente a partir da IV dinastia (cerca de 2.300 A.C.), foram tomando a forma triangular. Desse período em diante, os arquitetos abandonaram o uso das pedras pequenas da III dinastia, em favor dos enormes blocos de calcário e de granito. Até a conquista romana, a arquitetura civil continuou a empregar o tijolo cru, mesmo nas construções de palácios reais. Outra contribuição no campo da arquitetura é a criação da coluna, que, a princípio, era embutida na parede e mais tarde tornou-se isolada. A paisagística e o urbanismo são outros aspectos da arquitetura egípcia. Esse gosto egípcio por jardins-parque transmitiu-se aos romanos.
A contribuição cultural, esse aspecto abstrato do legado egípcio faraônico, abrange as contribuições nos domínios da escrita, da literatura, da arte e da religião. Os egípcios desenvolveram um sistema de escrita hieroglífica em que muitos dos símbolos derivaram do seu meio ambiente africano. Pode-se afirmar, portanto, que não se trata de um empréstimo, mas de uma criação original. Os contatos culturais com a escrita semítica ocorridos no Sinai devem ter contribuído para a invenção de um verdadeiro alfabeto. Este foi tomado de empréstimo pelos gregos, e sua influência estendeu-se à Europa. Os antigos egípcios inventaram igualmente os instrumentos de escrita. A descoberta do papiro, transmitido à Antiguidade Clássica, certamente contribuiu para a difusão de ideias e conhecimentos. A extensa literatura da época faraônica cobre todos os aspectos da vida dos egípcios, desde as teorias religiosas até os textos literários, como narrativas, peças de teatro, poesia, diálogos e crítica. Essa literatura pode ser considerada um dos legados culturais mais importantes do antigo Egito, ainda que seja impossível determinar que aspectos foram absorvidos pelas culturas africanas vizinhas.
No campo das artes plásticas, diversos meios de expressão foram utilizados: escultura, pintura, relevo, arquitetura. Os antigos egípcios aliavam às suas atividades terrenas a esperança de uma vida após a morte; assim, a arte egípcia é particularmente expressiva por representar crenças profundamente arraigadas. Esse vasto legado faraônico, disseminado pelas civilizações antigas do Oriente Próximo, foi por sua vez transmitido à Europa moderna por intermédio do mundo clássico. Os contatos econômicos e políticos entre o Egito e o mundo mediterrânico oriental, no período histórico, resultaram na disseminação de objetos da civilização faraônica por regiões como a Anatólia e o mundo egeu pré-helênico.
Fonte: Síntese da Coleção História Geral da África, Vol. 1