A tensão entre os governos de Moçambique e do Malawi continua a aumentar, depois de, há um mês, dois moçambicanos terem sido linchados no país vizinho, alegadamente por serem disseminadores do novo coronavírus.
Num novo capítulo, o Governo do Malawi diz que nenhum moçambicano infectado com a Covid-19 será tratado naquele país, enquanto Maputo responde que não precisa de hospitais malawianos para tratar os seus doentes.
O comissário do distrito malawiano de Dedza, Emmanuel Bulukutu, disse ter instruído o pessoal da saúde, vereadores, segurança e líderes tradicionais locais a não prestarem assistência sanitária a moçambicanos residentes no distrito fronteiriço de Angónia, infectados com a Covid-19, “porque isso pode colocar em risco a vida dos malawianos”.
“É preciso impedir os moçambicanos de se deslocarem a Dedza para tratamento hospitalar”, recomendou o comissário malawiano.
Em resposta, o ministro moçambicano da Saúde, Armindo Tiago, afirmou que o Governo não está preocupado com a posição do Malawi porque cabe ao Estado moçambicano a responsabilidade de prestar assistência médica e medicamentosa ao seu povo, e relativamente à Covid-19 os casos estão a ser controlados adequadamente.
“A nossa preocupação é responder às necessidades do nosso povo, estamos a controlar adequadamente os casos da Covid-19, e, felizmente, até agora, a maior parte desses casos está em isolamento domiciliar e não temos óbitos”, realçou aquele governante.
Em alguns círculos de opinião afirma-se ser necessário que os dois países trabalhem no sentido de eliminar os sinais que existem de que poderá haver uma confrontação, resultante da radicalização de posições.
Isto porque há cerca de um mês dois moçambicanos, um dos quais agente da polícia, foram mortos no Malawi, por alegada propagação da Covid-19 em território malawiano.