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COVID-19: Analistas alertam para consequências terríveis para aviação civil africana

A pandemia da Covid-19 tem provocado os mais diversos efeitos em todos os países e nos mais variados setores. Um deles é o da aviação civil, tanto a nível mundial como do continente africano, que depende, particularmente, do turismo, dos negócios e do tráfego étnico.

A Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA) previu em março que o setor precisará de até 200 bilhões de dólares apenas do apoio dos governos. A IATA também estimou que a aviação poderá perder até 113 bilhões de dólares de receitas devido ao número reduzido de passageiros.

Embora as previsões sejam ainda iniciais, especialistas alertam que os efeitos dessa paralisação quase total pode prolongar-se por, pelo menos, três anos.

Em África, a crise é total não só devido à paralisação da atividade em decorrência do fechamento das fronteiras da maioria dos países, mas também frente à inexistência do turismo vindo da Europa, Ásia e Estados Unidos, bem como de investidores.

“O mercado da aviação em África perdeu, até ao início de março, 1.5 bilhões de dólares”, afirma Manuel Chaves, presidente do Conselho de Administração da Empresa Aeroportos de Moçambique e vice-presidente da Associação de Aeroportos de África.

Ao participar no programa Agenda Africana, da VOA, nesta quarta-feira, 29, Chaves admitiu que o futura é de muita incerteza, mas, por agora, revela que dados apontam que, por exemplo, Moçambique e Cabo Verde “vão ter prejuízos muito elevados devido à dependência do tráfego internacional e do turismo”.

Tal como Chaves, também ao participar no programa, o economista cabo-verdiano e especialista em aviação Gil Évora considerou que a crise atual é de longe muito superior e de proporções incomparavelmente maiores à que se seguiu aos ataques às torres gémeas de Nova Iorque, em Setembro de 2001.

“As companhias de aviação são rentáveis porque transportam passageiros e cargas, se não houver passageiros nem cargas, têm uma paralisação quase total”, explicou Évora, para quem “se não houver uma intervenção dos estados, muitas empresas, incluindo as grandes, irão à falência”.

Para aquele especialista, o futuro é incerto e a situação será muito difícil para as empresas que, segundo ele, terão de “recorrer ao lay-off para sobreviveram dois ou três meses e se libertarem de alguns recursos destinados aos salários para depois repensarem as suas estratégias”.

Gil Évora não vê, no pós-pandemia, fusões de companhias, mas admitiu que muitas irão à falência num setor que sofrerá uma profunda reformulação.

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