A Comissão Econômica para África da ONU (UNECA) revelou que a pandemia da Covid-19 poderá levar à morte de menos 300 mil africanos e mais de 29 milhões de pessoas à pobreza extrema.
Num relatório divulgado nesta sexta-feira, 17, a UNECA pediu 100 bilhões de dólares para o continente para uma resposta da rede de saúde e segurança social.
O secretário-geral das Nações Unidas defendeu, por seu lado, que a África precisa de 200 bilhões de dólares para enfrentar a crise.
Até agora, 52 países da África relataram apenas cerca de 18 mil casos confirmados da doença, uma pequena fração dos mais de dois milhões de casos registados em todo o mundo.
O alerta é feito um dia depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter estimado que a África poderá assistir a até 10 milhões de casos nos próximos seis meses.
“Para proteger e construir em direção à nossa prosperidade compartilhada, são necessários pelo menos 100 bilhões de dólares para obter imediatamente uma resposta da rede de saúde e segurança social”, lê-se no relatório da UNECA, que diz apoiar o pedido dos ministros das Finanças de vários países africanos para um estímulo adicional no mesmo montante, que incluiria uma interrupção do pagamento do serviço da dívida externa.
Entretanto, o secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, pediu hoje aos credores a suspensão da dívida a todos os países em desenvolvimento, e não apenas aos mais pobres, e alertou “que muitos enfrentam dificuldades devido a uma recessão global provocada pela pandemia de coronavírus”.
Numa conferência virtual sobre a África organizada pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário Internacional, Guterres defendeu que o continente precisa de mais de 200 bilhões de dólares para responder à pandemia e mitigar seu impacto econômico.
Para mobilizar mais recursos, ele defendeu que o FMI aloque novos Direitos Especiais de Saque (DES), ou seja uma ação semelhante à impressão de dinheiro novo, uma opção já contestada pelos Estados Unidos.