A Organização Mundial de Saúde (OMS) se mostrou preocupada com o aumento da epidemia de covid-19 no continente africano, que até agora tinha estado relativamente incólume. “Estou muito preocupado com o fato de começarmos a assistir a uma aceleração da doença na África, e todos devemos levar isto muito a sério e mostrar solidariedade” com os países afetados, disse Michael Ryan, diretor de Emergências de Saúde da OMS, em coletiva de imprensa em Genebra.
A África é o segundo continente menos afetado pela covid-19, com mais de 15.160 mortos, à frente da Oceania, de acordo com dados oficiais.
Mas a África do Sul, o país mais afetado pela pandemia no continente, ultrapassou no domingo a marca das 5.000 mortes.
“A África do Sul corre o risco de ser um precursor do que irá acontecer no resto de África”, advertiu Michael Ryan, salientando que o país tinha registrado “os seus primeiros casos muito cedo”.
O responsável salientou que a doença tinha se propagado primeiro nas regiões mais ricas da África do Sul e que agora a propagação se generalizou, afetando “as zonas mais pobres, nas cidades e nas zonas rurais”.
Se a pandemia está aumentando na África do Sul, com uma progressão de 30% na última semana, ela não o faz mais rápido do que em muitos outros países do continente, advertiu. E acrescentou que houve um aumento da progressão da pandemia de 31% no Quênia, de 26% na Etiópia, de 50% em Madagascar, de 57% na Zâmbia, de 69% na Namíbia e de 66% no Botswana.
Embora o número total de casos nestes países continue baixo por agora, “penso que começamos a ver um aumento contínuo da transmissão em alguns países da África subsaariana, assinalou.
“Numa altura em que a África do Sul atravessa um surto muito, muito grave, penso que isso é um sinal do que o continente poderá enfrentar se não forem tomadas medidas urgentes”, advertiu Michael Ryan.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 606 mil mortos e infectou mais de 14,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.